A disputa com os Estados Unidos fortalece a posição da China nas questões ambientais, mas é cedo para prever os efeitos nas relações multilaterais do clima. Os chineses, além disso, precisam fazer sua lição de casa.
Por Andrea Vialli
No campo comercial e político, a queda de braço entre os Estados Unidos e a China ainda tende a se desdobrar por muitos capítulos. Nas questões ambientais globais, especialmente as de natureza multilateral, como o combate às mudanças climáticas, o cenário ainda é nebuloso. Não é claro se a disputa poderá afetar os objetivos estabelecidos no Acordo de Paris, que pretende evitar que a temperatura global suba mais de 2oC até o fim deste século. Mas uma coisa é certa: na contraposição entre os dois países, a China sai fortalecida ao abraçar metas de redução da poluição, liderar tecnologia na área de energias renováveis e reforçar seu soft power nas agendas multilaterais globais.
Atualmente dez países respondem por quase 70% das emissões de gases causadores do efeito estufa no mundo. A China e os Estados Unidos são os dois maiores responsáveis pelas emissões – o gigante asiático responde por cerca de 23% das emissões globais, enquanto os Estados Unidos estão na patamar de 13%. A União Europeia, como bloco, responde por aproximadamente 9%. Desde que o Acordo de Paris foi assinado, em dezembro de 2015, no âmbito da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima das Nações Unidas, por 195 países, esses percentuais não se alteraram. O comportamento dos dois líderes nesse ranking, porém, caminhou em direções opostas.
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A China, aproveitando a omissão americana, vem buscando se posicionar de forma mais contundente na corrida ambiental. “Ainda que seja um regime totalitário, o país surfa o vácuo deixado pelos Estados Unidos e se coloca para o mundo como uma liderança potencial nessas questões. Almeja ser líder em inovação e começa a ter convergência entre soluções tecnológicas e ambientais, com boas chances”, diz Eduardo Felipe Matias, doutor em direito internacional e autor do livro A Humanidade contra as Cordas: a Luta da Sociedade Global pela Sustentabilidade. Isso se reflete em posições importantes em setores-chave para a economia de baixo carbono, como as energias renováveis e a eletrificação de sistemas de transporte urbano.
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Para ler o texto completo da matéria publicada na revista Exame CEO de Setembro de 2019, acesse aqui: pdf
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